segunda-feira, 7 de maio de 2012


O Faxineiro

Ele se encontrava sobre a estreita da marquise do 18º andar. Tinha pulado ali a fim de limpar pelo lado externo as vidraças das salas vazias do conjunto 1801\5, a serem ocupadas em breve por uma firma de engenharia. Ele era o empregado recém contratado da Panamericana-Serviços gerais, o ato de haver se sentado a beira da marquise com as pernas balançando, se devia simplesmente a uma pausa para fumar a metade de cigarro que trouxera no bolso. Ele não queria desperdiçar este prazer misturando-o com o trabalho.
        Quando viu o ajuntamento de pessoas lá em baixo, apontando mais ou menos em sua direção, não lhe passou pela cabeça que realmente pudesse ser ele o centro das atenções.
       Continuou a então a fumar sem preocupação nenhuma, até que avistou em meio a multidão seu suposto chefe. Ele então desamarrou os elementos de segurança. E pensou consigo: ‘O que será que aquele monte de “formigas cigarras” faziam ali? Por que ao invés de ficarem ali apontando para ele não faziam outra coisa? ’ E continuou lavando a janela, quase oprimido.
      As formigas estavam preparadas para que acontecesse o pior a seu respeito. Estava se sentindo um doce que não podia se desprender.
      Amarrou os elementos de segurança, já não tão mais seguros. O chefe o observava atento, ele suava frio, ‘mas não deveria estar contente?’ dizia a ele o seu reflexo na janela e penetrava fazendo arder seus olhos azuis, ultra sensíveis.
      As formigas já haviam sumido, agora se transformaram em seres rastejantes, o medo de cair correu em suas veias fazendo-o ficar com as emoções a flor da pele.
    Segundos interiores, ou não se passaram, ele se desprendeu aliviado e pulou janela adentro o que o fez rasgar um pedaço da calça. Chegou a formiga mestre e só então descobriu o porquê do formigueiro, se despediu e nunca mais voltou.

Texto de Sérgio Santana.In:ItaloMoriconi
Adaptação: Thaís Bauer Gomes

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